Magé nem é tão pequena assim. Tem 230 mil habitantes e fica a 70 km do Rio de Janeiro, considerado um dos principais centros culturais do país. Recebeu do "PDDE" programa de dinheiro nas escolas (governo federal) a importância de R$ 2.488,532,41 (dois milhões, quatrocentos e oitenta e oito mil, quinhentes e trinta e dois reais e quarenta e um centavos) que estão sendo investigados pelo "MP" Ministério Público, as regras que geraram esta receita milhionária, bem como sua aplicação. Mesmo assim, o município não tem cinema e nem teatro. A principal diversão em Magé é caminhar na praça, olhar as pessoas, sentar no banco e assistir à vida passar. "A presença do Estado é muito reduzida e precisaria avançar para o país se transformar em uma grande nação onde o conhecimento e a cultura se transformam no principal ativo na sociedade do conhecimento", diz Marcio Porchmann, presidente do Ipea. Pelo menos um dos indicadores divulgados no estudo do Ipea é bom: só uma em cada dez cidades do Brasil não possui uma biblioteca. Mas onde elas não existem, fazem uma falta danada. A aposentada Rosa Carneiro, moradora do bairro de fragoso-Magé, decidiu não esperar e atrai crianças só com folhetos de propaganda e livros velhos recolhidos nas redondezas. "Cinema não tem, biblioteca não tem, teatro não tem. Por aqui elas encontram algo para fazer. Aqui ocupam a mente com coisas boas, e na rua o que aprendem?", questiona Rosa.
Fonte: Jornal Nacional Rede Globo - 26/12/2009.
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