Tomou ares de guerra a disputa dentro do PSDB para definir quem será seu arauto a vocalizar o grito da oposição. As bicadas tucanas para escolher um comandante de trincheira tiveram início logo que o presidenciável José Serra fez seu discurso reconhecendo a vitória da adversária Dilma. Serra se despediu lançando um “até logo”. Disse que estava “apenas começando uma luta de verdade. Não um adeus.” E como detalhe da fala, que não passou despercebido, deixou de mencionar o aliado Aécio Neves. O coordenador de campanha de sua candidatura, Xico Graziano, foi ainda mais longe na provocação. Publicou no Twitter a mensagem: “Perdemos feio em Minas Gerais. Por que será?” Foi o suficiente para que simpatizantes de lado a lado partissem para a queda de braço. O presidente do PSDB mineiro, Nárcio Rodrigues, ironizou: “Você faz tudo numa campanha, menos mágica.” O ex-presidente Fernando Henrique, magoado desde a primeira hora com os rumos da campanha serrista, cravou uma ameaça: disse que não vai mais endossar um PSDB que não defenda sua história. Recado direto contra aqueles que no seu partido aceitaram a pecha de “herança maldita” aplicada sobre os oito anos de seu governo. FHC há muito tempo vem estabelecendo a cadência de críticas oposicionistas e desenhando a forma como a resistência à onda vermelha deve ser construída. O próximo passo ele já sinalizou. Sugere que a definição do nome tucano para a contenda de 2014 seja anunciado em no máximo dois anos até a eleição. Na entrevista concedida ao jornal “Folha de S.Paulo” destilou críticas veladas. Disse que “não se pode ficar enrolando até o final” – menção direta ao fato de Serra ter prorrogado para o último momento a confi rmação de seu nome como candidato. O cacique tucano, Sérgio Guerra, saiu em apoio às palavras de FHC, concordando que o PSDB precisa antecipar a escolha do futuro postulante à Presidência. Pelo sim, pelo não, o governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, também iniciou o desenho de seu gabinete retirando do quadro nomes de aliados serristas. No jogo de bate-rebate a oposição procura reunir o que restou da agremiação depois da dura e sangrenta batalha – na qual faltou discurso, faltou bandeira e sobrou apelação. Após três derrotas consecutivas em corridas presidenciais, ao menos uma convicção parece estar firmada no coração da maioria dos correligionários. No reduto do tucanato o que não se aceitará mais é uma campanha personalista, centrada na vontade de um único senhor. Querem um grito em coro e a escolha de um líder que inspire a mensagem da renovação.
Fonte: IstoÉ
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
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